sábado, 8 de setembro de 2007

Rave on Kreuzberg


Kreuzberg
é um lugar muito interessante de Berlim. Ao contrário dos demais bairros, que se originaram de pequenas vilas. Sua história inicia nos meados de 1920, durante a expansão da cidade. O nome Kreuzberg não significa nada de mais. Ele diz respeito a sua localização a 66m acima do nível do mar.








Schlesisches
Tor





Durante o século XX o bairro cresceu muito, fruto da industrialização. No início, as camadas mais pobres migraram para a região fugindo de uma voraz especulação imobiliária. Nessa época, ele atingiu a marca de 400.000 pessoas. Uma media de 60.000 por quilômetro quadrado.

Além de abrigar os pobres, o Kreuzberg se tornou o centro da crescente industria Berlinense. Algumas regiões, como Exportviertel ao longo da Ritterstraße, eram formadas por centenas de pequenos comerciantes. Isso sem falar da “quadra da imprensa”, ao longo da Kochstraße, onde ficavam os maiores jornais da cidade e várias editoras de livros. Durante a segunda Guerra, quase todos os prédios industriais foram destruídos. Tudo em uma única noite, no dia 3 de Fevereiro de 1945.










Visual maravilhoso.







Depois da segunda grande guerra, os alugueis na região foram regulamentados. Por terem preços baixos e pouca qualidade, o bairro se tornou o alvo inicial de imigrantes que chegavam a Berlim. Um pouco depois, em 1989, depois da queda do muro, ele voltou a ser atrativo para os recém chegados. Tudo porque a parte leste era completamente cercada pelo muro, tornando o lugar isolado e barato.

Desses imigrantes, os que vinham em maior número foram os turcos. Essa característica, fez com que o bairro fosse conhecido como a maior cidade turca fora da Turquia. Em 1999, dos 146.884 habitantes do Kreuzberg, 49.010, não eram nascidos na Alemanha.







é feio mas é bonito





Já havia passado uma tarde no bairro, logo no meu segundo dia. Mesmo assim, achava que tinham muitos lugares que eu ainda não conhecia e me eram curiosos. Com essa bagagem histórica na cabeça, logo depois do almoço, arrumei minha mochila e parti de Hackesher Markt em direção a Warshauer, no coração do Kreuzberg.

Não demorou muito para perceber porque o bairro é conhecido como underground. Logo na saída da estação comecei a escutar uma música. Não sabia identificar se era electro ou techno, mas me deixou bem curioso. Assim resolvi procurar de onde vinha aquele som.

Olhando para a linha do trem percebi uma Rave. Deviam estar dançando ao lado dos trilhos umas 50 pessoas. Numa primeira sondagem não consegui encontrar a entrada da festa. Toda a área onde os malucos dançavam era cercada. Não resisti e resolvi procurar um acesso.

Tive que caminhar uns 500 metros para achar um portão aberto na margem dos trilhos. Como imigrante, não achei inteligente a idéia de pular a grade que protegia o caminho dos trens. Durante essa caçada me deparei com algumas cenas bizarras. A primeira foram duas meninas fazendo xixi atrás de uma moita. A segunda, um casal fazendo sexo explícito a 30 metros da festa. Coisa de maluco mesmo.



Quando já estava na entrada da Rave, um rapaz veio falar comigo em alemão. Respondi que não falava, mas se ele sabia inglês, podíamos interagir. Ele disse que não tinha problemas com o bretão e repetiu, na língua da rainha, o que inicialmente havia tentado me comunicar. Ele queria saber se eu era um Raver. Ora pensei, vou em rave desde 98. Então respondi que sim.



Fiquei uns 30 minutos na festa. Tentei filmar alguma coisa mas estava muito intimidado pelo ambiente. Estava com medo de ser abordado novamente por um alemão. Até onde eu sei, essas festas são ilegais e nenhum malandro gosta de ser filmado enquanto está cometendo o crime. Assim deixei a câmera ligada enquanto caminhava entre as pessoas. O resultado está nesses vídeos que anexei aqui no texto.

Rave on Kreuzberg!

3 comentários:

Leo Gonçalves disse...

Fala Loucão. Bom, depois de um tempo sem falar contigo, foi impossível não ler o blog inteiro. Acrescente uma qualidade aos diretores de arte acima da média: seus textos são muito bons.

Voltei pra sampa, tô na EuroRSCG, instalado, morando numa casa ducaralho, junto com o moleque, chachorro, muié e tudo o mais.

Grande abraço e manda notícias daí.

LeroLeo Ceará Cabeçudo dos Inferno.

Marcelo disse...

oi Marcolino.... bom ter notícias de você, e cada vez mais longe.

Sucesso nem vou te desejar pois você está indo muito bem né :-) continue assim que já está muito bom.

abração

Marcelo Oreste

Unknown disse...

tu n consegue ficar longe de raves, né cabeçudo!!!

abrassss e sucesso