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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Paga pau do Banksy













Eu sou paga pau do Banksy e não tenho vergonha de falar. Eu sei que é a coisa mais óbvia e, para muitos, comum gostar do cara. Tão ordinária que saiu de moda elogiar o trabalho dele. Agora sério, pode um artista com a qualidade do Banksy sair de moda? Eu acho que não. Ele está marcando época.
































Nunca fui realmente muito ligado em arte moderna. Mesmo sendo um diretor de arte, achava chato. Claro que admirava o estilo gráfico de alguns artistas. Isso não era o problema. Uma coisa é achar bonito, outra criativo e novo. Eu não via nada de mais em alguns projetos que encontrava na bienal de São Paulo, por exemplo. Eu olhava um monte de pratos empilhados, representando a fome na África, e achava sem graça. Não enxergava nada de moderno naquilo. Para mim o Dadaísmo já havia rompido o suficiente com esse tipo de abordagem. Então por que repetir exaustivamente a mesma técnica? Acho que existe uma sintonia fina na mensagem que o artista quer falar, na execução e na complexidade da informação. A mensagem deve ficar clara para o público também. Caso eu tenha que pensar muito para entender, a experiência pode ficar incompleta.



















Agora, quando vi o Banksy me apavorei. O cara fazia exatamente o tipo de arte que eu gostaria de ter criado. Não apenas no estilo, como na forma. Explico. Quando ele vai para um caminho mais clássico e realista ele usa sempre com uma finalidade. Como quando colocou máscaras de gás em quadros portrait renascentista e depois deixou em alguns museus. O estilo tinha uma finalidade. Ele queria que seu trabalho ficasse “camuflado” no meio dos outros quadros de época. Por outro lado, quando ele trabalha com estêncil, a linguagem é para provocar toda a rebeldia que esse estilo carrega.




































Caramba, falei três parágrafos do Banksy e não era sobre ele que eu gostaria de escrever. Como sempre, viajei. Na verdade, vou falar sobre um outro cara que fui numa exposição aqui em Berlim. Ah sim, me lembrei porque citei o primeiro. O estilo do figura é extremamente influenciado pelo trabalho do Banksy. Claro que não chega aos pés do primeiro. A abordagem não é tão ácida e forte. Por outro lado, a escolha das texturas e a leveza do traço trazem um sentimento muito bacana a obra. Infelizmente não consigo desconectar do estêncil do Banksy. Mesmo assim vale como referencia. Principalmente porque seu estilo é muito influenciado por moda. Um pouco mais gótico e sombrio, talvez.

O nome do artista é XOOOX. Começou bem. O nego achou uma forma bem doente de se auto-denominar. Sua exposição é em uma das galerias que comentei no outro post, sobre arte. É uma das mais legais e transadinhas do Mitte. Fica na gipstraße e o nome é Circlecultur Gallery. Na mesma rua, em um muro, tem um grafite do Banksy original. Assim, quem for, não perde a viagem e encontra um bom ponto de comparação.



















O cara tem trabalhos nas ruas das cidades mais bacanas do Mundo. Uma das características desse grafiteiro é pintar pessoas em tamanho natural.


























Logos de grandes marcas do mundo da moda também são base para o trabalho de XOOOX.

















segunda-feira, 14 de julho de 2008

Praia em Berlim















O verão Europeu é complicado para o Blog. Nunca fico em casa. Sempre tem uma atividade bacana para divertir-me. Acabo nem postando muito pois, diferente do inverno, não tenho saco de sentar na frente do computador. Assim, para não deixar esse espaço às moscas, resolvi falar de um evento que está rolando aqui em Berlim. O lance é bem no clima do verão: um campeonato mundial de esculturas de areia. Andava curioso com os castelos gigantes que via pela janela do trem, todos os dias, quando passava perto do Spree. Sábado passado convidei a Lisi e demos uma passada por lá.








Labirinto do Minotauro. Podia ser melhor.






















Você pode até perguntar-se, como os caras fizeram castelos de areia se aqui em Berlim não tem praia. Na verdade não tem mesmo. Os Alemães apenas seguiram o exemplo dos Franceses no rio Senna, armaram um circo na frente do canal. Pelo que escutei, foram 2.300 toneladas de areia colocadas na margem do Spree. Tudo para emprestar aquele ar praiano, a uma extensão de 200m, próxima a estação de trem central. Pode não ficar legal como uma praia de verdade mas o esquema todo é bem agradável.







Escultura vencedora.






Vieram equipes de escultores do mundo todo, para o evento. Segundo os organizadores, os maiores especialistas foram chamados. Apesar do Brasil ter uma das maiores costas do planeta, nenhuma equipe brasileira participou. Vou admitir que fiquei um pouco decepcionado com a falta de sul-americanos. Na verdade acho que nós temos coisa muito mais legais para fazer na praia que brincar de castelinho.




























Assim, depois do almoço, esquentei a água do chimarrão e embarquei rumo a Haupbanhof. Aterrisei em um bom horário, no início da tarde. Apesar de não ter conferido antes, não queria gastar mais de 10 Euros por pessoa na entrada. Ainda bem que quando chegamos lá a expectativa confirmou-se: 6,50 cada. Caso fosse mais que o planejado desistiria e sofreria as conseqüências. Acho que a Lisi não iria gostar de tomar chimarrão na estação de trem. Sim, essa vida européia esta me deixando o cara mais pão duro do mundo.




























Apesar de as esculturas serem muito legais, não foram elas as coisas que mais me impressionaram. Olhando as fotos dos anos anteriores acabei achando os trabalhos de 2008 bem piores. Tudo bem, tinham uns bem legais. O castelo vencedor, da turma da Índia, era muito bem trabalhado. Os caras foram esforçados nos detalhes. Eu acho que são nessas pequenas coisas que a qualidade do artista aflora.























Trabalho Holandês. Um dos meus favoritos. Usa elementos de grafite com perspectiva tridimensional.















Em todo caso, a verdade é que o mais bacana foi ver o espaço que os caras montaram. Um lugarzinho de lazer na beira do rio. Junto aos castelos fica uma enorme área onde os pais podem ir com os filhos. Nesse local, instrutores dão workshop para as crianças de como esculpir em areia. Alem disso eles colocaram cadeiras de praia em toda a extensão do canal, para a galera sentar no sol. Também levantaram tendas onde vendia-se crepe, cerveja e sorvete. Uma verdadeira farofada alemã. Só faltou o tradicional würst (salsicha) na brasa. Eu comeria uma fácil acompanhado do meu mate amargo. Pode não ser melhor que Maresias, mas já pode competir com Tramandai.








Quem não tem mar se contenta com canal.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Galerie Gillian Morris - Jenny Michel - Staub

Semana passada fui em uma exposição muito legal. Fiquei realmente impressionado. Talvez, nas fotos, que venha a colocar aqui, vocês não consigam dimensionar o efeito que o trabalho do cara tem ao vivo.














Esta curiosa exposição foi aberta na Galerie Gillian Morris. Apesar do nome ser bonito, ela faz parte de um complexo bem alternativo, para não dizer chinelão, de galerias na Brunnenstrasse. São umas 15 no total, ocupando vários prédios e apresentando trabalhos de artistas iniciantes (ou não tão conhecidos).













Achei legal tanto a abordagem quanto o produto visual. O desgraçado não pecou no cuidado, teve uma idéia e tratou dela com carinho. O resultado é a exposição Staub de Jenny Michel.













Sua obra é toda baseada em poeira e sujeira. Os famosos dust bunnies que ficam nos cantos do apartamento ou na boca do aspirador de pó. A grande idéia não está em fazer uma escultura de porcaria, como um artista menos evoluido poderia pensar.



























A diferença está em apresentar uma visão científica da poeira em seus diferentes tipos e procedências. É como aqueles quadros antigos de biólogos, que pegavam insetos, catalogavam e colocavam naquelas caixas de madeira com tampo de vidro. Além dessas ele também emoldurou pedaços de sujeira através de quadrados de acrílico. Exatamente como em um procedimento científico.



























No fim, fica até engraçado ver as anotações onde observa-se desenhos e textos falando sobre o desenvolvimento da poeira. Um gigantesco mural de rascunhos para Doutor Frankenstein nenhum botar defeito.



























É uma abordagem muito legal. Certamente inédita. O ambiente que o cara procurou para desenvolver o trabalho é muito rico. Meu avô tinha esses quadros com insetos de vários tipos: borboletas, cascudos, grilos, etc… Com essa referência na memória, não preciso nem admitir que a lembrança foi importante para minha afinidade na obra de Michel. Sim, existe uma beleza kitsch em tudo isso.













Para quem se interessar e estiver planejando uma viagem pela Europa, aqui vai a dica. A Galeria fica aberta de terça a sábado até as 18h. Não precisa pagar nada, é entrar e se divertir. Na mesma rua existem outros 17 espaços como esse, com exposições muito interessantes. Para quem tem alergia ou rinite não se preocupem. Apesar do trabalho ser sobre poeira o chão é bem limpinho.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

The Helping Hounds of Hell


















Cumprindo com o prometido, vou postar meu primeiro comentário sobre uma exposição que está rolando aqui em Berlin. Tudo começou quando o Pernil e a Gabi vieram aqui me visitar. Resolvi fazer o tradicional caminho das galerias underground com eles. A primeira parada foi próximo ao Hackescher Markt, ainda caminhando pela Rosenthale Strasse, na Neurotitan Gallery & Shop.











O local onde fica a galeria é um tradicional Höfe aqui de Berlim. Costumo passar lá para olhar a loja que fica no fundo e curtir as paredes grafitadas por artistas conhecidos do cenário alternativo mundial. Nessa semana os caras estavam com uma exibição muito legal. O nome do projeto é “The Helping Hounds of Hell”. Apesar de ter esse nome diabólico, a intenção dos caras é das mais divinas: arrecadar grana para o Sage Hospital E.V no oeste africano.


















Quando cheguei lá me lembrei na hora do Bráulio Kuwabara. Ou seria Kubaruba? Tanto faz, japonês é tudo igual mesmo. Ele é um nego que iria aproveitar muito mais que eu a galeria, com certeza. O japonês adora esses shapes de skate bem elaborados que viraram tela para artistas de rua. A exposição, na realidade, era só sobre esse tema. Vários caras emprestaram seu estilo para uma centena de shapes de skate. Todos artistas reconhecidos aqui na Europa e na Alemanha.















Não sei se sou eu que não tenho o conhecimento suficiente sobre o tema ou o trabalho lá exposto que era muito bom. O fato é que gostei de quase tudo. Até do cartaz bem simplão eu simpatizei. Apesar de me interessar muito por street art, não havia visitado um espaço dedicado a essa arte de skate. Uma mídia que é explorada desde a década de 80 mas que recebeu o reconhecimento a poucos anos. Hoje, criar uma estampa para uma prancha de madeira é muito mais cool que em um quadrado de pano.













A influência do estilo grafiteiro moderno é evidente. Mas as instalações e relevos adornando os skates são novidade para mim. Isso certamente é uma evolução na tradicional forma de apresentar os desenhos no shape, Também achei muito legal a interação de mais de uma base, formando uma gravura com uma dimensão e intencionalidade maior que o corpo tradicional da prancha. Meu destaque fica com os trabalhos de Boris Hoppek, Jon Burgerman, Blackjune, Havec, Kingdrips e Georg Rabensteiner. Nesse caso, tenho que concordar que a escolha é obviamente de caráter personalíssimo. Eu sou muito apegado a alguns traços e estilos que me atraem e influenciam meu trabalho pessoal. Certamente, outra pessoa escolheria outros para enumerar. Sendo assim, a lista completa dos artistas está aqui.


















A exposição terminou no dia 3 de fevereiro, aqui em Berlim. Agora os caras transferiram toda a parafernália para Hamburgo, onde ficam até o dia 12 desse mês. Em breve, colocarei mais alguns trabalhos que me impressionaram, nas últimas caminhadas pelo Mitte e arredores.