Na última vez que fui para Porto Alegre um amigo (Fernando Cabeça) me perguntou se eu fiz amizades verdadeiras em São Paulo. Prontamente respondi que sim. Mas na verdade, não tinha realmente parado para pensar no assunto. Aqui na Alemanha tive tempo para refletir.
Minha vida é bem agitada para os padrões brasileiros. Tudo porque meu amado pai é militar. Aqui vale um adendo. Coloquei o verbo no presente porque não existe ex-milico. Soldado vai para a reserva, jamais se aposenta.
Por ele ser militar, acabei passando por 3 cidades diferentes. Nesse contexto de mudanças, aprendi a fazer amigos em todos os lugares em que morei.
Na minha primeira mudança, fui para Florianópolis. Na segunda, para o Rio de Janeiro. Essas duas primeiras experiências me fizeram perder o medo de novas amizades. Pena que não tenho mais o contato de todas as pessoas que conheci nessas cidades. Culpo, nesse caso, a tecnologia. Se existisse Internet, Skype e MSN, tenho convicção que manteria esses amigos ainda bem próximos.
Muito tempo depois, já em São Paulo, percebi que as mudanças são boas para as relações. É como se rolasse uma seleção, um filtro. Os caras que realmente gostam de você não vão lhe deixar simplesmente desaparecer. Eles vão continuar procurando meios para lhe contactar. Até porque um amigo não precisa estar fisicamente ao teu lado para se fazer presente. Um conselho pode ser passado por telefone, por exemplo.
Mesmo nessa situação de relações a distância, existem casos que fogem a regra. Tenho amigos que fiquei sem falar por anos. Mas sempre que nos vemos é como se o último encontro não tivesse passado de algumas semanas. Amizade é uma coisa engraçada mesmo. Tenho o exemplo do Vedana, do Colégio Militar. Faziam 4 anos que não nos falávamos. Essa semana conversei com ele. O filho da puta está na Dinamarca e talvez nos reencontremos aqui na Europa, mundo pequeno.
Tem também o Carnevale, que foi meu padrinho de casamento e não o via desde então. Nessa minha última passada por Porto Alegre, liguei para o perdido e demos boas risadas. Tudo como nos velhos tempos.
Agora tem uma coisa, eu acho que o amigo só prova que é de fé, depois de passarmos por alguma merda juntos. É nessas horas que o verdadeiro companheiro aparece. Antes é muito difícil saber. A época do Colégio Militar foi um bom exemplo. Desses anos ficaram grandes amigos. E dois deles se converteram em irmãos. São caras que já provaram tudo e mais um pouco. Para honrar nossa tradição de companheirismo e insanidade, tatuamos um risco preto no braço esquerdo. Esses vão ter que me aguentar para o resto da vida. Ainda bem que Deus foi generoso comigo e me deu 2 parceiros, desse gabarito, para me orientar. (Ou seria desorientar?)
Risco preto.
Exemplo de nego que segura a onda da parceria é o João. Esse já é um amigo da época de São Paulo, apesar de ser um carioca dos mais escrotos. Acabamos ficando próximos numa das situações mais chatas da minha vida profissional. Nossos duplas foram demitidos. Os caras resolveram nos colocar para trabalhar juntos, por pura necessidade. No fim das contas fizemos um bom trabalho, apesar de todos os problemas que nos foram impostos. Nesse pouco tempo que passamos juntos, ele provou que é firme nas piores horas. Junto com o Pernil e o Renatão, formamos uma das mesas mais engraçadas da história da Lew,Lara. Se o trabalho tá difícil o melhor é fazer piada.
A foto é estranha por culpa do Alan.
Outro cara foi o Gustavo Barbosa. Moramos juntos em Londres, numa das época mais marcantes dessa pobre existiência. Mesmo estando em um lugar tão incrível, passamos por poucas e boas. E ele sempre deu o apoio necessário para enfrentar a barra de morar num país novo.
E por falar em novas empreitadas, não podia deixar de citar o Emiliano. O simples fato de ele ter me indicado para esse emprego aqui em Berlim, já o colocariam no hall da fama dos amigos do coração. Mas o cara fez mais. Me hospedou quase 2 semanas na casa dele, me deu apoio com toda burocracia da imigração (inclusive como guia na Berlim Oriental) e arrumou um apartamento maravilhoso para eu alugar. Acho que esse vai para o céu sem escalas. E isso que eu roubava a merenda dele, no jardim de infância do colégio Mãe de Deus.
Mudando um pouco de perspectiva, existem também os caras que provam a parceria na hora boa. Aqui é mais complicado perceber qual é o amigo mesmo. Afinal de contas, nessa hora, todo mundo quer aparecer na foto. Mas não é bem assim. Não é qualquer um que sabe ver você feliz sem sentir uma pontada de sentimentos menos nobres.
Me lembro de minha formatura da faculdade, para qual fiz uma recepção. Não podia convidar todos os meus chegados. Primeiro que era num lugar caro, o Fogo de Chão. Segundo, porque para alguns amigos, meu pais disse que não ia pagar. Não deu outra, tirei dinheiro do próprio bolso e banquei os caras. Desses só foi um, o Vinícius. Esse cara não tem inveja no coração. Ele realmente ficou muito feliz com minha vitória. Espero que ele se forme logo para retribuir a camaradagem. (O Biro tinha desculpa. Estava morando na Holanda.)
Vou falar ainda de mais um bom exemplo de amigo. E nesse caso tenho que admitir, a situação é bem atípica. Tenho um amigo virtual. Que hoje em dia é bem real. É engraçado quando falamos que nos conhecemos na Internet. Com o tempo ficamos muito próximos e criamos uma rotina bem agradável. Uma sexta-feira por mês, o Alexandre passava no meu trabalho e almoçávamos juntos. Sempre em algum bom restaurante de carnes de São Paulo. Que saudades de uma boa carne.
Já sobre amigas é complicado falar. Afinal, homem amigo de mulher é viado. Mesmo assim, consegui juntar algumas meninas que eu gosto muito, nessa vida. Amigas que viraram amigos. Só para eu ter a desculpa de sair com elas sem causar ciúmes nos namorados. Ainda bem que eles entendem que realmente nossa amizade é verdadeira. Coisa que eu não sei se teria a maturidade de entender. Por sinal, gosto muito deles também. É bom ver um cara cuidando bem de quem você gosta. Acho que nunca vi a Marie tão bem. Tudo graças ao Leo. Isso sem citar a Grazi, que sempre me procura no msn ou por e-mail e eu nunca respondo.
Agora eu arrumei um problemão. Resolvi falar de amigos e não consegui comentar de todos os caras que eu gosto. Deixei 90% de fora do texto. Vai ter uma choradeira. Mas não se preocupem os que não entraram nesse longo pensamento. O Objetivo não era mostrar quem são meus melhores amigos, muito menos premiar esses que apareceram no blog. O que eu gostaria de mostrar é que é possível construir novas redes de amizades. Entender que mesmo distante você pode fortalecer laços. Que o investimento em novos amigos lhe trará retorno garantido.
Adoraria escrever mais, mas como diria o Moretti, já gastei muito o dedo falando desse assunto.
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
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6 comentários:
Falaí, meu grande e nem tão velho amigo. Como é que tá essa Berlin sem o anfitrião-cabeção? Pelo jeito já andas com desenvoltura, descobrindo rave em trilho de trem.
Tá fazendo falta aqui, ô safado. Ainda mais agora que vamos mudar pruma casa com churrasqueira.
Aquele abraço,
João
não acreditei quando vi meu nome citado nesse texto lindo.
tu sabe que tu mora no meu coração, né compadrito!?
amei muito ter te encontrado aí em berlim. foi uma surpresa maravilhosa!!
e pode ter certeza: um dia eu e o leo voltamos pra visitar vocês aí!
beijinhos da amiga que torce sempre por ti,
marie
Fala Marco!
Pois é cara, a vida é assim mesmo, pessoas vêm e vão, outras somem, outras ficam. Muito bacana teu texto e muito engracado meu nome ter sido citado... sei lá, fiquei meio sem graca :S
Estamos aí, mudando sempre (em todos os sentidos)... sempre na luta. Continuo lendo tuas notícias e espero que possamos nos encontrar em breve!
Abracão!
Vedina
tá escrevendo bem pra cacete hein doidão.
apesar de isso não chegar a ser uma surpresa, pois naquelas respostas aos e-mails da Silvia Camossa vc já demonstrava todo seu brilho literário. hehehe
pô, fiquei amarradão de ver meu nome nesse texto com um tema tão importante, e ainda mais coroado com uma foto nossa.
valeu Doidão...
abração
Véio
AEEEEEE!!!
Sempre vou ficar feliz com tuas vitorias meu velho!!
Irmãos são pra estas coisas, sempre!!
Qualquer coisa eh só dar o grito que estamos juntos!
Cara, tô curtindo muito ler teu blog. E não é porque eu fui citado, heh.
Segue escrevendo porque assunto é o que não falta nessa cidade.
abração
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