terça-feira, 16 de setembro de 2008

Moderação Mundial: Uma Cagada de Regra.

Eu gosto de política internacional. Pode soar, para você, que falo isso para parecer mais cabeçudo. Não é. Eu me interesso de verdade. Com o devido atrevimento, chego a formular teorias e propostas para alguns problemas mundiais. Infelizmente a Angela Merkel não entende português para ler o Blog.

Deixando a retórica auto-afirmativa de lado, confesso que resolvi falar sobre o assunto pois ando preocupado. Cheguei a conclusão que graças a Deus existe os Estados Unidos no mundo. Certamente a coisa seria muito pior sem eles. E não adianta você vir com todas as criticas usuais a esse país. Eu juro que conheço e compartilho de sua opinião em 90% delas.

Eles são arrogantes, para começar. Também entendo que, a política interna deles, é centrada em um mesmo pensamento ideológico. O bipartidarismo americano fica restrito ao nome. Isso sem falar que, no campo internacional, principalmente no Oriente Médio, o país só comprovou sua fama de autista. E não vou culpar apenas os republicanos por essa postura. Esse descaso para a opinião pública mundial não é de hoje. Basta lembrar que a invasão da Baia dos Porcos foi arquitetada no governo de JFK, o maior dos presidentes democratas.

Por sinal, para os defensores dos democratas, vale conferir a posição do Obama para os subsídios agrícolas. Apesar do muro, levantado na fronteira com o México, os republicanos parecem ser mais sensíveis aos interesses latino-americanos. Ao meu ver, os dois partidos tem seus pontos negativos e positivos, como tudo. Mesmo assim, na essência, são parecidos demais. Infelizmente, parece que o burro e o elefante não são animais tão diferentes assim, pelo menos em política.

Falei mais do que gostaria sobre os defeitos americanos. Principalmente se levarmos em conta que quero enaltece-los nesse texto. Retomando, graças a Deus que existe os Estados Unidos para serem mediadores no mundo. Conforme os anos passam e observo os conflitos ao redor do globo, maior é minha certeza.

Para começar, consideremos que hoje existam 4 potências mundiais com força política e militar para esse papel de protagonista. A primeira é óbvia, a segunda a União Européia, Rússia viria logo em seguida com a China ocupando o quarto lugar.

No campo internacional, concordo mais com a opinião dos principais líderes europeus. O problema é fazer eles chegarem em um consenso. São tantos países e tantas visões políticas diferentes que qualquer ação (ou reação) conjunta torna-se lenta. Isso sem falar da política interna de extrema direita que algumas nações insistem em defender. O pior de tudo é que não são países sem importância. Desses, a postura mais assustadora é certamente italiana.

É sempre bom lembrar que existem partidos, da base do governo Berlusconi, de origem radical. O Lega Nord é extremamente xenofóbico e o Alleanza Nazionale foi fundado para substituir o antigo partido fascista. Por exemplo, semana passada, escutei uma entrevista do ministro das relações exteriores Franco Frattini (no programa Hard Talk da BBC). Nela, ele foi indagado sobre o discurso de um político aliado que afirmava: “50% dos crimes, na Itália, eram culpa de estrangeiros”. A resposta do ministro deixou-me ainda mais consternado. Ele concordou e complementou que não havia o que discutir, que os dados refletiam a realidade. Simples assim. Uma resposta cômoda para um radical de direita, na minha modesta opinião. Seria muito mais inteligente dizer que a raiz do problema é social.










Mesmo que os dados da pesquisa sejam verdadeiros, não podem ser observados dessa maneira linear. Na Itália, os estrangeiros ilegais sofrem de uma série de problemas que empurra-os para a marginalidade. Eles não tem direito a saúde, ao trabalho ou qualquer rede de auxílio. Se amontoam em favelas nas proximidades de grandes cidades, principalmente Roma. Um cenário muito semelhante, mas ainda distante, da realidade do Brasil. O que não se fala é que a maioria chega na Itália fugindo de guerras na África e Oriente Médio. Para esses, por mais que a política interna seja dura, ainda não assusta comparada a realidade de suas origens.



















Ainda na Europa, falando de morosidade, observem o caso da Geórgia. Os caras estavam gritando para entrarem na OTAN, quase implorando. Tudo prevendo uma possível hostilidade de seus vizinhos. Não foram aceitos, com votos contrários da Alemanha e França, dando um sinal claro de fraqueza política. Vocês sabem, um tubarão é capaz de farejar uma gota de sangue em uma piscina. No dia 7 de agosto de 2008 os Russos invadiram a Geórgia com o pretexto de prevenir um genocídio na Ossetia do Norte. Em parte posso até concordar, afinal os georgianos não são santinhos. Mesmo assim existem pontos escuros nessa operação. Por que também atacaram alvos a uma centena de quilômetros? A maioria oleodutos, pontes, portos e ferrovias? Meu pai militar responderia: “é para cortar o abastecimento do exército inimigo”. A resposta é relativamente óbvia e simples. Acontece que isso só comprova meu ponto: os russos mostraram uma postura de agressor. Isso sem falar que ajudaram militarmente grupos separatistas na Abkhazia, outra região da Geórgia. Claro, com o mesmo pretexto de auxiliar seus cidadãos em terras estrangeiras.

Verdade que mais da metade dos habitantes dessa região tem passaporte Russo. Também deve ser dito que graças a uma colonização forçada, no período que englobavam a USSR. Essa migração ainda é uma técnica comum para limpeza cultural, muito apreciada por nações invasoras. Já foi usada com sucesso no Tibete, pela China, e nos territórios ocupados, por Israel. Nesse último país não deu tão certo, o governo enfrentou problemas para remover os colonos quando quis devolver as terras do Líbano e Egito. Mesmo assim, acho que a resolução do governo israelense de recuar para o território de origem, foi acertada.

Retomando a questão da Ossétia do Norte, o fato de existir uma população Russa não faz o território mudar de dono. Diria ainda mais. Nem uma solução democrática, como os referendos que fizeram os separatistas, deveria ser aceita. Concluo que as consultas populares, nesses casos, não refletem a justiça. Por que não aclamar a Califórnia, por votação de seus habitantes, parte do México? Ou então anexar o Kreuzberg, aqui em Berlim, ao território Turco? Os imigrantes teriam a opção desse desserviço, nos lugares que citei, seguindo a mesma lógica dos Russos. Agora, se isso não foi o suficiente para convence-lo de que o Kremlin não é amigável, aconselho uma lida na história da invasão da Czechoslovakia em 1968.

Já comentei da China e do Tiberte e, sinceramente, não vejo como justificar a anexação. Mesmo a China afirmando que a terra dos lamas fazia parte de seu território histórico. A menos que vocês concordem que valeria uma invasão do Uruguai, por tropas brasileiras? Mesmo assim, o pior não é a invasão. Acho que a forma com que eles acabaram com as raízes do país foi ainda mais grave. Destruição de templos, imposição da língua chinesa, migração em massa para o território invadido, proibição de religião e controle cultural são intoleráveis. Crescimento econômico e militar não significa evolução ética e moral. A China é um país que necessita desenvolver mais seus dotes humanísticos antes de poder sonhar com uma posição mais respeitável da opinião pública mundial.

Claro que tudo que falei aqui não passa de uma opinião. Uma bela cagada de regra. Até gostaria de saber mais o que outras pessoas pensam sobre essa possível troca de comando no terreno internacional. Infelizmente a grande maioria dos meus amigos acha esse assunto chato. Talvez eu até pensaria o mesmo se estivesse morando no Brasil, onde os problemas internos são mais que suficientes. No fim das contas, talvez seja melhor falar sobre o PT e PSDB ou começar a escrever em alemão.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Paga pau do Banksy













Eu sou paga pau do Banksy e não tenho vergonha de falar. Eu sei que é a coisa mais óbvia e, para muitos, comum gostar do cara. Tão ordinária que saiu de moda elogiar o trabalho dele. Agora sério, pode um artista com a qualidade do Banksy sair de moda? Eu acho que não. Ele está marcando época.
































Nunca fui realmente muito ligado em arte moderna. Mesmo sendo um diretor de arte, achava chato. Claro que admirava o estilo gráfico de alguns artistas. Isso não era o problema. Uma coisa é achar bonito, outra criativo e novo. Eu não via nada de mais em alguns projetos que encontrava na bienal de São Paulo, por exemplo. Eu olhava um monte de pratos empilhados, representando a fome na África, e achava sem graça. Não enxergava nada de moderno naquilo. Para mim o Dadaísmo já havia rompido o suficiente com esse tipo de abordagem. Então por que repetir exaustivamente a mesma técnica? Acho que existe uma sintonia fina na mensagem que o artista quer falar, na execução e na complexidade da informação. A mensagem deve ficar clara para o público também. Caso eu tenha que pensar muito para entender, a experiência pode ficar incompleta.



















Agora, quando vi o Banksy me apavorei. O cara fazia exatamente o tipo de arte que eu gostaria de ter criado. Não apenas no estilo, como na forma. Explico. Quando ele vai para um caminho mais clássico e realista ele usa sempre com uma finalidade. Como quando colocou máscaras de gás em quadros portrait renascentista e depois deixou em alguns museus. O estilo tinha uma finalidade. Ele queria que seu trabalho ficasse “camuflado” no meio dos outros quadros de época. Por outro lado, quando ele trabalha com estêncil, a linguagem é para provocar toda a rebeldia que esse estilo carrega.




































Caramba, falei três parágrafos do Banksy e não era sobre ele que eu gostaria de escrever. Como sempre, viajei. Na verdade, vou falar sobre um outro cara que fui numa exposição aqui em Berlim. Ah sim, me lembrei porque citei o primeiro. O estilo do figura é extremamente influenciado pelo trabalho do Banksy. Claro que não chega aos pés do primeiro. A abordagem não é tão ácida e forte. Por outro lado, a escolha das texturas e a leveza do traço trazem um sentimento muito bacana a obra. Infelizmente não consigo desconectar do estêncil do Banksy. Mesmo assim vale como referencia. Principalmente porque seu estilo é muito influenciado por moda. Um pouco mais gótico e sombrio, talvez.

O nome do artista é XOOOX. Começou bem. O nego achou uma forma bem doente de se auto-denominar. Sua exposição é em uma das galerias que comentei no outro post, sobre arte. É uma das mais legais e transadinhas do Mitte. Fica na gipstraße e o nome é Circlecultur Gallery. Na mesma rua, em um muro, tem um grafite do Banksy original. Assim, quem for, não perde a viagem e encontra um bom ponto de comparação.



















O cara tem trabalhos nas ruas das cidades mais bacanas do Mundo. Uma das características desse grafiteiro é pintar pessoas em tamanho natural.


























Logos de grandes marcas do mundo da moda também são base para o trabalho de XOOOX.

















quinta-feira, 24 de julho de 2008

Love Parade é o Kumbha Mela







1,6 milhões de pessoas











No final de semana passado, a pedido da patroa, fui conhecer a tão falada Love Parade. Por muitos anos ela foi aqui em Berlim. Infelizmente, devido ao crescimento do evento e prejuízos na cidade, passou a ser itinerante. Esse ano a parada foi em Dortmund.

Saí na sexta. Peguei o ICE com destino a cidade cede, chegando no mesmo dia à noite. Algumas estações de TV iriam transmitir direto do evento e eram esperadas um milhão e meio de pessoas. Tinha tudo para ser um evento espetacular. Infelizmente não foi o que eu achei.



Antes de falar sobre a Love Parade em si, vale filosofar um pouco, como sempre. Durante minhas pesquisas no campo espiritual, sempre tive curiosidade sobre um evento que ocorria na Índia, em dias marcados por cálculos astronômicos. O Kumbha Mela ou Maha Kumbha Mela, é uma data especial para o hinduísmo e celebrado em 4 diferentes cidades sagradas da Índia. É nessa oportunidade que Sadhus e Babas saem dos grotões das montanhas e da selva para banharem-se nas águas imundas do Ganges. Minha curiosidade é tão grande, por esse encontro sagrado, que penso seriamente em partir rumo ao próximo. Nas palavras do Artur Veríssimo o Kumbha Mela é uma Rave milenar do Oriente. Com essa propaganda não tem como não interessar-se. Pelo menos para mim soa muito legal.


Vídeo muito legal. Até os tailandeses entraram na festa para vender mais.

Acontece que a Love Parade é uma versão pequena-ocidental-alemã do evento indiano. Malucos de toda Alemanha e Europa, saem de seus esconderijos para mostrar toda sua feiura e estranheza. Claro que existe uma galera bonitinha. Acontece que eles são minoria. Posso garantir, a grande maioria é tão sexy como um velho Sadhu.







sadhu






































O primeiro encontro com esse mar de gente é na estação central de Dortmund. Um oceano de pessoas, saindo em horários próximos, de seus trens, antes da abertura oficial. Logo na saída de Haupbahnhof, uma pequena revista da policia. Garrafas de vidro eram confiscadas. Durante todo o percurso e próximo aos locais mais importantes, postos de controle recolhiam os cascos de garrafas de cerveja. Sinceramente não imagino que isso era feito com o objetivo de desarmar os foliões. Acho que eles confiscavam as garrafas para evitar cacos de vidro no chão e facilitar a limpeza da cidade. Esse ultimo fato é o principal problema levantado pelas cidades cede do evento.


Estação Central de Dortmund













Assim como os Sadhus, que cobrem o corpo de cinzas enfeitando-se (enfeiando-se?) e purificando-se para o Kumbha Mela, os freaks alemães arrumam-se para a Love Parade. Varias fantasias estranhas e coloridas saem do armário. Bem, não são só as fantasias que saem do armário. Ok, deixem para lá... Voltando ao assunto, as pessoas vestem-se de forma bem experimental. Tudo para diferenciar-se da trupe e, no fim, acabar ficando igual a todo mundo.



A Love Parade acontece com a galera dançando atrás de caminhões, onde DJ´s apresentam-se, antes do encontro dos melhores no grande palco. Esses caminhões, na verdade, são uma versão piorada do trio-elétrico. Nesse aspecto a parada recebe influencias do carnaval da Bahia. Uma galera na pipoca dançando ao som dos DJ´s. Aposto que o trio do Fat Boy Slim, em Salvador, da uma surra em todos os caminhões alemães.







esse saiu...











Outro fator que prejudica o evento é que a distância entre os “trio-elétricos” é muito pequena. Acaba rolando um efeito estéreo prejudicial ao aproveitamento musical. Dá para curtir um hard techno com o ouvido esquerdo e um electro no direito. Eu acabava ficando confuso e não sabia em que ritmo deveria dançar.



Existe ainda outro ponto de confluência entre a Love Parade e o Kumbha Mela. No evento indiano, chamou-me muito a atenção a quantidade de barro e poeira que a multidão levanta do chão batido. Em Dortmund não existiam estradas de terra. Em contra partida os canteiros das avenidas centrais precisavam apenas alguns litros de água para virar Woodstock. E a água veio. Claro. Uma chuva violentíssima começou a cair no início da manhã e só piorou no decorrer do dia. Uma pena que não seguimos a moda e compramos um par de gummistiefel. São as tradicionais botas de borracha que viraram febre na Europa junto com os festivais de verão.








Bota de borracha.













Woodstock










Pouco antes de começarem as apresentações junto ao palco principal, resolvi deslocar-me para próximo dele. Arrumamos um cantinho bacana para esperar os DJ´s. Faltando apenas alguns minutinhos para a abertura, a chuva piorou ainda mais. Pelos microfones avisaram para a galera sair da área mais próxima do palco, pois estava alagando tudo. Justamente onde eu estava. Aí foi a gota d’água, para ficar no trocadilho. Resolvi colocar a patroa no colo e voltar para o hotel. Foi a melhor decisão







Chegando no quarto tirei minha roupa molhada e suja e tomei um belo banho. O Hotel era muito bacana. Abri a mão e reservei um 4 estrelas. Depois da ducha sentei na cama e sintonizei a TV no Canal VIVA que transmitia o festival ao vivo. Enquanto assistia as apresentações dos DJ´s olhava a galera emocionada dançando. Pela Televisão, no quentinho e confortável quarto do Golden Tulip Hotel, a Love Parade estava sensacional. Aí pensei o seguinte: será que tem transmissão ao vivo do Kumbha Mela na TV de Nova Dehli?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Praia em Berlim















O verão Europeu é complicado para o Blog. Nunca fico em casa. Sempre tem uma atividade bacana para divertir-me. Acabo nem postando muito pois, diferente do inverno, não tenho saco de sentar na frente do computador. Assim, para não deixar esse espaço às moscas, resolvi falar de um evento que está rolando aqui em Berlim. O lance é bem no clima do verão: um campeonato mundial de esculturas de areia. Andava curioso com os castelos gigantes que via pela janela do trem, todos os dias, quando passava perto do Spree. Sábado passado convidei a Lisi e demos uma passada por lá.








Labirinto do Minotauro. Podia ser melhor.






















Você pode até perguntar-se, como os caras fizeram castelos de areia se aqui em Berlim não tem praia. Na verdade não tem mesmo. Os Alemães apenas seguiram o exemplo dos Franceses no rio Senna, armaram um circo na frente do canal. Pelo que escutei, foram 2.300 toneladas de areia colocadas na margem do Spree. Tudo para emprestar aquele ar praiano, a uma extensão de 200m, próxima a estação de trem central. Pode não ficar legal como uma praia de verdade mas o esquema todo é bem agradável.







Escultura vencedora.






Vieram equipes de escultores do mundo todo, para o evento. Segundo os organizadores, os maiores especialistas foram chamados. Apesar do Brasil ter uma das maiores costas do planeta, nenhuma equipe brasileira participou. Vou admitir que fiquei um pouco decepcionado com a falta de sul-americanos. Na verdade acho que nós temos coisa muito mais legais para fazer na praia que brincar de castelinho.




























Assim, depois do almoço, esquentei a água do chimarrão e embarquei rumo a Haupbanhof. Aterrisei em um bom horário, no início da tarde. Apesar de não ter conferido antes, não queria gastar mais de 10 Euros por pessoa na entrada. Ainda bem que quando chegamos lá a expectativa confirmou-se: 6,50 cada. Caso fosse mais que o planejado desistiria e sofreria as conseqüências. Acho que a Lisi não iria gostar de tomar chimarrão na estação de trem. Sim, essa vida européia esta me deixando o cara mais pão duro do mundo.




























Apesar de as esculturas serem muito legais, não foram elas as coisas que mais me impressionaram. Olhando as fotos dos anos anteriores acabei achando os trabalhos de 2008 bem piores. Tudo bem, tinham uns bem legais. O castelo vencedor, da turma da Índia, era muito bem trabalhado. Os caras foram esforçados nos detalhes. Eu acho que são nessas pequenas coisas que a qualidade do artista aflora.























Trabalho Holandês. Um dos meus favoritos. Usa elementos de grafite com perspectiva tridimensional.















Em todo caso, a verdade é que o mais bacana foi ver o espaço que os caras montaram. Um lugarzinho de lazer na beira do rio. Junto aos castelos fica uma enorme área onde os pais podem ir com os filhos. Nesse local, instrutores dão workshop para as crianças de como esculpir em areia. Alem disso eles colocaram cadeiras de praia em toda a extensão do canal, para a galera sentar no sol. Também levantaram tendas onde vendia-se crepe, cerveja e sorvete. Uma verdadeira farofada alemã. Só faltou o tradicional würst (salsicha) na brasa. Eu comeria uma fácil acompanhado do meu mate amargo. Pode não ser melhor que Maresias, mas já pode competir com Tramandai.








Quem não tem mar se contenta com canal.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Entretenimento

O meu antigo dupla João Braga odeia a Palavra entretenimento. Infelizmente, para ele, não encontrei sinônimo melhor para intitular esse tópico. Engraçado que, o que vou falar aqui, foi extensamente e muito bem desenvolvido pelo Fabiano Goldoni no Blog da Perestroika. Então pensei que, se tem mais alguém falando sobre o tema, é por que o assunto deve ser importante.

Para iniciar a teoria, vou escrever sobre a minha vida. Como sempre, ela vai funcionar como exemplo para o meu raciocínio. Mais uma vez fundamentarei meu trabalho na própria experiência sensorial e emocional. Palavras bonitas mas de utilidade nula se não forem bem complementadas. Então vamos lá.

Depois que vim morar em Berlim, assumi uma postura muito mais seletiva e ativa quanto a televisão. Não vou ser hipócrita e dizer que não gosto de dar uma “vidradinha numa tela”. Adoro um bom documentário ou filme de ação. Isso sem falar nas séries de TV. O problema é que não tenho televisão a cabo e muito menos consigo entender a língua nativa. Assim, hoje, eu assisto meus programas prediletos no computador.

Pode parecer estranho mas, sem querer, acabei me tornando o exemplo melhor acabado do telespectador do futuro. Porque eu iria assistir propaganda se eu posso saltar de um episódio de “Lost” para outro de “Heros” e finalizando com um documentário sobre as “Baleias do Egito”? Tudo coladinho, sem intervalo e perda de tempo. O que você faria se tivesse essa opção? Bom, você já tem ela.

Hoje propaganda não compete com outros comerciais. Propaganda briga com entretenimento. A pergunta que segue, a essa enumeração de fatos, é a seguinte: como competir? A solução certamente não está em procurar formas de obrigar as pessoas a assistir comerciais. Isso é apenas mais um tiro no pé. A única maneira é transformar propaganda em entretenimento.

Acho que, inclusive, esses institutos de pesquisa deveriam fazer testes de forma diferente. Por que não um em que o consumidor pode escolher, livremente, o que assistir e fazer? Observar se a preferência é um filme e jogar video game ou ver os comerciais entre eles. Tudo poderia ser selecionado com um controle remoto. Se o cara não assistir o comercial antes da diversão, por vontade própria, não passa no teste. Garanto que muitas idéias ousadas acabariam aprovadas assim.

Outra coisa interessante é que “o que falamos” está perdendo força para o “como falamos”. Sendo mais claro, não vai fazer muita diferença ter um conceito forte e inteligente se o filme ou anuncio forem chatos. Em resumo, menos filosofia e mais diversão.

Para desenvolver meu raciocínio, acho melhor enumerar alguns exemplos. Um cara que é perfeito, para isso, é o Juan Cabral. Em sua maioria, os trabalhos dele são divertidos. O filme “Balls”, de Sony Bravia, é uma execução maravilhosa com uma trilha linda. Assisti-lo é como curtir um clipe de uma banda legal. É uma super experiência visual aqueles milhares de bolinhas quicando ladeira abaixo em São Francisco. Quem nunca sonhou em fazer isso? Eu já. Sem discussão, um baita de um filme. Agora qual o conceito? “Colour like no other”. Sozinho ele não diz muito, pode vender até coleção primavera-verão das Lojas Renner.



Apenas para comparar e deixar mais clara minha teoria, vou citar uma formulação que é maravilhosa. Acho o conceito da Folha de São Paulo, do Ricardo Freire, muito mais esperto: “Não da para não ler”. A construção é inteligente e bonita. Além de através da negação fazer uma afirmação. Justamente o contrário que os Gurus da propaganda pregam. Acho perfeito para um jornal.

O primeiro cara que me apontou essa curiosidade, sobre o conceito do filme “Balls”, foi meu grande amigo Marco Pernil Giannelli. Não poderia deixar de dar crédito para ele nesse texto.

Voltando ao tema. Outro bom exemplo, ainda com o Juan Cabral, é o filme do gorila para Cadburys. Esse é muito discutido como peça criativa, mas não tem como negar que é um sucesso. Vale conferir a quantidade de paródias e citações espontâneas que existem sobre ele no Youtube e na internet. Isso sem falar que alavancou as vendas do chocolate e ganhou um Grand Prix em Cannes. Qual o conceito? “a glass and a half full of joy”. Juro que até hoje não entendi muito bem.



Para fazer o contraponto, aqui vai uma outra formulação conceitual que acho boa: “Impossible is nothing”, da Adidas. Tem como achar algo com mais impacto para uma marca de material esportivo? Difícil.

Novamente tenho que dizer que isso não passa de uma cagação de regra baseada em uma observação pessoal. É assim que eu penso e é para esse caminho que pretendo direcionar meus esforços. Por sinal, conheço uma centena de colegas que não concordam com minhas afirmações. Só para ficar na minha agência, alguns acham o filme Gorilla uma grande porcaria. Para eles eu devo todo meu respeito e uma pequena sugestão: meia cartelinha de Gardenal.

Mídia

Os profissionais de mídia são muito importantes. Uma colocação errada pode destruir ou ajudar uma campanha. Nós criadores não costumamos dar o valor e a atenção que eles merecem. Lembramos apenas quando precisamos entrar em uma baladinha ou veicular um fantasma. Como minha esposa começou nessa área, aprendi a respeitar esses colegas. Além de aproveitar os convites VIP para as festas que chegavam, claro.

Para a maioria dos meus amigos, basta fazer uns “x” e assinalar as semanas onde o anúncio vai veicular. Pronto, pode ficar o resto do dia surfando na internet. O que eles não sabem é que não precisa mais fazer “x” hoje em dia. Ou precisa? Sinceramente também não sei.

Por outro lado, divirto-me com anúncios não tão bem colocados. É a tradicional piada pronta. Hoje com a segmentação das mídias esse cuidado fica cada vez mais fácil. O problema é quando vai para mídia exterior. Ninguém sabe de antemão qual será o anuncio do lado ou onde estará a placa. Tudo bem, não sabem mas deveriam saber. Sinceramente, conheci poucos caras que tiveram paciência e tempo para observar onde são os pontos de outdoor e frontlight onde veicularão a campanha.

Em muitas oportunidades, a colocação do anúncio é a própria idéia. Quem disse que mídia não pode ser criativa? Olhem por exemplo esse citylight de turismo no Brasil aqui na Alemanha. Exatamente do lado de um para doar dinheiro para as crianças famintas. Mídia casadinha. Tinha como ser melhor?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Perestroika

Como ando sumido aqui, vou mandar um link de um texto que escrevi para o blog de amigos:

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