terça-feira, 16 de setembro de 2008

Moderação Mundial: Uma Cagada de Regra.

Eu gosto de política internacional. Pode soar, para você, que falo isso para parecer mais cabeçudo. Não é. Eu me interesso de verdade. Com o devido atrevimento, chego a formular teorias e propostas para alguns problemas mundiais. Infelizmente a Angela Merkel não entende português para ler o Blog.

Deixando a retórica auto-afirmativa de lado, confesso que resolvi falar sobre o assunto pois ando preocupado. Cheguei a conclusão que graças a Deus existe os Estados Unidos no mundo. Certamente a coisa seria muito pior sem eles. E não adianta você vir com todas as criticas usuais a esse país. Eu juro que conheço e compartilho de sua opinião em 90% delas.

Eles são arrogantes, para começar. Também entendo que, a política interna deles, é centrada em um mesmo pensamento ideológico. O bipartidarismo americano fica restrito ao nome. Isso sem falar que, no campo internacional, principalmente no Oriente Médio, o país só comprovou sua fama de autista. E não vou culpar apenas os republicanos por essa postura. Esse descaso para a opinião pública mundial não é de hoje. Basta lembrar que a invasão da Baia dos Porcos foi arquitetada no governo de JFK, o maior dos presidentes democratas.

Por sinal, para os defensores dos democratas, vale conferir a posição do Obama para os subsídios agrícolas. Apesar do muro, levantado na fronteira com o México, os republicanos parecem ser mais sensíveis aos interesses latino-americanos. Ao meu ver, os dois partidos tem seus pontos negativos e positivos, como tudo. Mesmo assim, na essência, são parecidos demais. Infelizmente, parece que o burro e o elefante não são animais tão diferentes assim, pelo menos em política.

Falei mais do que gostaria sobre os defeitos americanos. Principalmente se levarmos em conta que quero enaltece-los nesse texto. Retomando, graças a Deus que existe os Estados Unidos para serem mediadores no mundo. Conforme os anos passam e observo os conflitos ao redor do globo, maior é minha certeza.

Para começar, consideremos que hoje existam 4 potências mundiais com força política e militar para esse papel de protagonista. A primeira é óbvia, a segunda a União Européia, Rússia viria logo em seguida com a China ocupando o quarto lugar.

No campo internacional, concordo mais com a opinião dos principais líderes europeus. O problema é fazer eles chegarem em um consenso. São tantos países e tantas visões políticas diferentes que qualquer ação (ou reação) conjunta torna-se lenta. Isso sem falar da política interna de extrema direita que algumas nações insistem em defender. O pior de tudo é que não são países sem importância. Desses, a postura mais assustadora é certamente italiana.

É sempre bom lembrar que existem partidos, da base do governo Berlusconi, de origem radical. O Lega Nord é extremamente xenofóbico e o Alleanza Nazionale foi fundado para substituir o antigo partido fascista. Por exemplo, semana passada, escutei uma entrevista do ministro das relações exteriores Franco Frattini (no programa Hard Talk da BBC). Nela, ele foi indagado sobre o discurso de um político aliado que afirmava: “50% dos crimes, na Itália, eram culpa de estrangeiros”. A resposta do ministro deixou-me ainda mais consternado. Ele concordou e complementou que não havia o que discutir, que os dados refletiam a realidade. Simples assim. Uma resposta cômoda para um radical de direita, na minha modesta opinião. Seria muito mais inteligente dizer que a raiz do problema é social.










Mesmo que os dados da pesquisa sejam verdadeiros, não podem ser observados dessa maneira linear. Na Itália, os estrangeiros ilegais sofrem de uma série de problemas que empurra-os para a marginalidade. Eles não tem direito a saúde, ao trabalho ou qualquer rede de auxílio. Se amontoam em favelas nas proximidades de grandes cidades, principalmente Roma. Um cenário muito semelhante, mas ainda distante, da realidade do Brasil. O que não se fala é que a maioria chega na Itália fugindo de guerras na África e Oriente Médio. Para esses, por mais que a política interna seja dura, ainda não assusta comparada a realidade de suas origens.



















Ainda na Europa, falando de morosidade, observem o caso da Geórgia. Os caras estavam gritando para entrarem na OTAN, quase implorando. Tudo prevendo uma possível hostilidade de seus vizinhos. Não foram aceitos, com votos contrários da Alemanha e França, dando um sinal claro de fraqueza política. Vocês sabem, um tubarão é capaz de farejar uma gota de sangue em uma piscina. No dia 7 de agosto de 2008 os Russos invadiram a Geórgia com o pretexto de prevenir um genocídio na Ossetia do Norte. Em parte posso até concordar, afinal os georgianos não são santinhos. Mesmo assim existem pontos escuros nessa operação. Por que também atacaram alvos a uma centena de quilômetros? A maioria oleodutos, pontes, portos e ferrovias? Meu pai militar responderia: “é para cortar o abastecimento do exército inimigo”. A resposta é relativamente óbvia e simples. Acontece que isso só comprova meu ponto: os russos mostraram uma postura de agressor. Isso sem falar que ajudaram militarmente grupos separatistas na Abkhazia, outra região da Geórgia. Claro, com o mesmo pretexto de auxiliar seus cidadãos em terras estrangeiras.

Verdade que mais da metade dos habitantes dessa região tem passaporte Russo. Também deve ser dito que graças a uma colonização forçada, no período que englobavam a USSR. Essa migração ainda é uma técnica comum para limpeza cultural, muito apreciada por nações invasoras. Já foi usada com sucesso no Tibete, pela China, e nos territórios ocupados, por Israel. Nesse último país não deu tão certo, o governo enfrentou problemas para remover os colonos quando quis devolver as terras do Líbano e Egito. Mesmo assim, acho que a resolução do governo israelense de recuar para o território de origem, foi acertada.

Retomando a questão da Ossétia do Norte, o fato de existir uma população Russa não faz o território mudar de dono. Diria ainda mais. Nem uma solução democrática, como os referendos que fizeram os separatistas, deveria ser aceita. Concluo que as consultas populares, nesses casos, não refletem a justiça. Por que não aclamar a Califórnia, por votação de seus habitantes, parte do México? Ou então anexar o Kreuzberg, aqui em Berlim, ao território Turco? Os imigrantes teriam a opção desse desserviço, nos lugares que citei, seguindo a mesma lógica dos Russos. Agora, se isso não foi o suficiente para convence-lo de que o Kremlin não é amigável, aconselho uma lida na história da invasão da Czechoslovakia em 1968.

Já comentei da China e do Tiberte e, sinceramente, não vejo como justificar a anexação. Mesmo a China afirmando que a terra dos lamas fazia parte de seu território histórico. A menos que vocês concordem que valeria uma invasão do Uruguai, por tropas brasileiras? Mesmo assim, o pior não é a invasão. Acho que a forma com que eles acabaram com as raízes do país foi ainda mais grave. Destruição de templos, imposição da língua chinesa, migração em massa para o território invadido, proibição de religião e controle cultural são intoleráveis. Crescimento econômico e militar não significa evolução ética e moral. A China é um país que necessita desenvolver mais seus dotes humanísticos antes de poder sonhar com uma posição mais respeitável da opinião pública mundial.

Claro que tudo que falei aqui não passa de uma opinião. Uma bela cagada de regra. Até gostaria de saber mais o que outras pessoas pensam sobre essa possível troca de comando no terreno internacional. Infelizmente a grande maioria dos meus amigos acha esse assunto chato. Talvez eu até pensaria o mesmo se estivesse morando no Brasil, onde os problemas internos são mais que suficientes. No fim das contas, talvez seja melhor falar sobre o PT e PSDB ou começar a escrever em alemão.

2 comentários:

João Braga disse...

Porra, Locão.
Agora atacando de política internacional tá demais. Vou ter mesmo que fazer uma visita pra descobrir o que o amigo tem colocado nesse chimarrão.

. disse...

Quem morada Europa (como nós) acaba chegando á mesma conclusão ; por piores que sejam ainda bem que temos os americanos (porque se fôssem os franceses os banheiros seriam minúsculos, se fôssem os brasileiros a internet seria paga, se fôssem os russos as coisas funcionariam lentamente, se fôssem os chineses teríamos proibições de muitas coisas, se fôsse o pessoal do Oriente Médiao...nem quero pensar. abs, danyel Sak www.sakdanyel.blogspot.com www.danyelfolio.blogspot.com www.trixxxcompany.blogspot.com