quarta-feira, 9 de abril de 2008
SWAT Moscou
Eu em Moscou.
Fotos olho de peixe by Ossi.
Uma das coisas boas de trabalhar em uma grande rede internacional são os chamados SWATs. Eles nada mais são que esforços internacionais para resolver um problema de um determinado briefing ou cliente. Para algumas redes isso é muito comum e na TBWA não é diferente. Essa semana tive a oportunidade de participar de meu primeiro SWAT e é sobre ele que vou falar agora.
Porta da Sala
Manter a sala desarrumada!!!!!
Tudo começou há duas semanas atrás quando meu chefe entrou em nosso escritório perguntando como estavam nossos passaportes. Queria saber se poderíamos manda-los para a embaixada da Rússia. Eles precisavam agilizar nossos vistos de entrada na velha cortina de ferro. Sim, o objetivo dessa visita era mandar-nos para Moscou em um briefing para um cliente local.
TBWA Moscou
Chegamos no dia 30 de Março. Depois de um breve atraso na imigração (não preenchi um questionário que precisava) corremos para o hotel. Isso sem antes sermos expulsos do taxi que pegamos por engano. Nada muito diferente do Brasil, para falar a verdade. Melhor, Brasil não, São Paulo. Sim, Moscou nada mais é que uma espécie de São Paulo, onde o trânsito abarrota as avenidas e a poluição irrita os olhos. Parece que, com exceção feita a toda a área ao redor do Kremlin, incluindo aqui a praça vermelha, que a vida acontece indoor. Por sinal fazia tempo que não comia e bebia tão bem como em Moscou.
Uma coisa interessante sobre a TBWA Moscou é que ela fica a 300m da Praça Vermelha. Até aí nada de mais. Agora some o fato de TODAS as janelas serem a prova de balas e não poderem ser abertas nunca. O motivo não é tão óbvio. Elas não são assim para proteger os profissionais da agência, mas para impedir um possivel sniper contra o Kremlin.
Comida Liberada.
Reparem no copinho
de Vodka do Emiliano.
Meu famoso
barco de sushi
Voltando ao assunto, chegamos no domingo e, após um breve passeio por alguns pontos obrigatórios, voltamos para o hotel onde nos preparamos para a semana que chegava. Foram convocadas 5 duplas para esse SWAT: 1 alemã (eu, Emiliano), 1 romena, 1 finlandesa (Antti e Ossi), 1 de Singapura (Eddie Azadi e Chung Khim Chong) e 1 russa. O Diretor de Criação responsável também veio da Finlândia, Eka Ruola é o nome da figura. Além de um excelente chefe, demonstrou uma simpatia e irreverência que eu não imaginava em um pais tão frio.
Antti Taivonen
Ossi Honkanen
Dupla da Finlândia
Tenho que abrir uma parêntese aqui para falar da qualidade dos caras da Finlândia. Não sabia que lá eles eram tão legais e criativos. Uma surpresa agradável. Vou admitir minha total ignorância sobre a propaganda finlandesa. Vou prestar mais atenção.
Eu na Russia
Briefing passado, grupo apresentado, agência conhecida, partimos para a guerra propriamente dita. Com um bloco de texto e um vento frio na cara ganhamos o mundo. Fomos para um lugar que julgamos inspirador para começarmos nosso estudo. Sentamos em um banco próximo ao Kremlin e lá ficamos, esperando as idéias chegarem como se induzidas fossem por todo aquele visual histórico. Impressionante o que uma mudança de ares é capaz.
Soldado russo pisando na suástica.
Todas as duplas se reuniram no fim do dia e o processo foi muito semelhante com o que rola na Alemanha. Fazemos primeiro um conceito, depois uma linha apresentando o mesmo e algumas execuções possíveis para anúncio, filme e o tradicional 360°. Apresentamos assim apenas umas 2 ou 3 idéias por dupla. Nada que não se esteja absolutamente confortável e fechado é levado ao Diretor de Criação.
Visão do Kremlin sentado em um dos bancos das redondesas.
Assim a brincadeira seguiu também no segundo dia. Isso sem antes passarmos por uma experiência antropológica e gastronômica. Fomos jantar em um restaurante muito legal. O lugar parecia um antigo abrigo anti-nuclear ou bunker, ou ainda as catacumbas de Moscou. Tudo em uma fartura que muito me lembravam os anos em São Paulo: muita cerveja, muita comida e, é claro, muita vodka de excelente qualidade.
Paredes recheadas de idéias.
Nenhum layout.
A quarta-feira ficou para prepararmos os conceitos e apresentarmos ao cliente. Nada de layout como no Brasil. As duplas prepararam suas idéias em uma prancha grande, onde colavam-se: roteiros, conceito com justificativa e, finalmente, os rafes dos anúncios. Nada muito definitivo. O objetivo era entender o que nossos amigos queriam. Apresentar os caminhos possíveis para um futuro desenvolvimento. Ver para que lado correr.
Sala do Swat.
Emiliano trabalhando,
eu brincando.
Depois de 3 horas de reunião, absolutamente todas as idéias foram reprovadas. Apenas algumas sugestões de conceito indicavam algo semelhante a um caminho. Por incrível que possa parecer o cliente parecia procurar algo ainda mais ousado. Como o próprio diretor de marketing sugeriu: What about...... fuck you and your money?
Apenas idéias.
Paredes cheias.
Como todo criador chorão, tenho que confessar: achava duas linhas de uma relevância e ousadia ainda não encontradas no segmento. Mesmo assim, fui obrigado a concordar com alguns pontos que colocavam essas idéias no mesmo recipiente das outras: a lata do lixo.
Momento em que
entregamos as campanhas.
A quinta-feira prometia. Nos reunimos uma hora antes do usual. Aqui também pude notar a diferença do jeitão do Eka. Nada de estresse nas duplas. Nada de virar noite ou ficar após a reunião tentando ter mais idéias. O negocio é ir para casa e relaxar a cabeça. No outro dia começar com mais calma e menos tempo. Combinamos um primeiro review as 12h, os Diretores iriam encontrar o cliente ainda na quinta a noite.
Mesa do bar
próximo a agência
caras tristes depois
da primeira reunião.
Eu e o Emiliano não mudamos a estratégia. Reunimos nossas coisas e fomos caminhar e sentar em um banquinho próximo ao Kremlin. Enquanto observávamos os pedestres e nos deliciávamos com cachorro-quente tentávamos desesperadamente encontrar novos caminhos. Assim como nós, haviam outras 4 duplas pensando e aliviando um pouco o peso da responsabilidade. Um pouco de alento para que a pressão não atrapalhasse nossa busca.
Parece cliente brasileiro.
Dupla de Berlim
O Review foi bom. Seis novos caminhos foram selecionados para o próximo round. O resto do dia, até a reunião, seria apenas para desenvolver mais as novas linhas e pensar em um layout all type. A reunião seria as 19h e o Eka pediu para não sairmos de um raio de 1km da agência. Poderíamos comer ou passear, mas sem distanciar-se muito. Felizmente não demorou para nosso Diretor de Criação ligar avisando que a reunião havia sido um sucesso. O melhor não era ter duas idéias entre as que seriam apresentadas para o presidente do banco na sexta, era a certeza de mais um banquete de hedonismo único em algum restaurante de primeira.
TBWA Moscou
Sexta-feira era o nosso último dia de trabalho. Começamos fazendo as pequenas alterações necessárias para a apresentação final. Alguns layouts, alguns roteiros novos e era isso. Nada que tomasse muito tempo. Tanto foi que 16h já estávamos todos liberados, de dedos cruzados, espalhados por Moscou e esperando pela resposta do cliente sobre nossas linhas. Resposta essa que veio as 19h: a reunião fora um sucesso. E é claro que haveria uma comemoração final. Algo que deveria ser memorável, ao velho estilo russo.
Drink que matou Emiliano.
Sobre essa noite tenho pouco a dizer. Nunca comi tanto caviar. Fomos em 3 diferentes boates durante a madrugada e dormi apenas 2 horas até pegar meu voo para Amsterdã. O saldo não podia ser mais positivo dessa empreitada na Russia: barriga cheia, cuca vazia e uma campanha entre as finalistas. Acho que gostei de Moscou.
Festa da vitória.
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7 comentários:
Fudido, Locão.
Vida boa ducaralho.
Ainda mais agora que a amada chegou.
Falei aí com o Kbça outro dia e fiquei sabendo que tu tava em Amsterdam (não é bobo não, né?) resgatando a partoa.
Aquele abraço.
Do caralho, Marco. Fiquei orgulhoso e com aquela inveja branca. Vcs são foda.
Abraõs Perestroikanos.
tg
Pergunta: os vidros do McDonald's da Praça Vermelha tb sao blindados? Por causa do Kremlim ou do Ronald?
manda bala, meu camaradinha!
(tô bom de trocadilho???)
abs,
raul
sensacional, lôco.
o texto e o diário do trampo lá.
fucking fuckers.
amei, amei, amei o texto, as fotos, os vídeos. deve ter sido muito AFUDÊ tudo isso que voce~s viveram! beijinhos, marie
Excelente , Monstro! S.W.A.T ? não ta fraco....
Pena não ter consiguido encontrar o amigo que vos fala em Amsterdam , fica p/ próxima.
Grande abraço!!!
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